TJ cria audiência especial para criança
O Tribunal de Justiça de SP deve iniciar  em junho a implantação em quatro cidades do método conhecido como  "Justiça sem dor" para ouvir, sem traumas, a versão de crianças ou  adolescentes vítimas ou testemunhas de crimes sexuais ou maus-tratos. 
Batizado de "Avaliação Especial", esse método tenta quebrar a via-crúcis pela qual passa uma vítima ou testemunha infantil no sistema judiciário tradicional, que pode ser, muitas vezes, mais traumático do que o próprio crime sofrido por ela.
Estudos apontam que, pelo método tradicional, uma vítima de violência sexual ou maus-tratos precisa repetir até nove vezes a mesma versão do crime para várias autoridades públicas diferentes -conselheiros tutelares, polícia, assistente social, psicóloga, juiz, entre outros.
Ou seja, a criança fica recontando a história durante o processo, quase sempre uma experiência traumática.
"Na maioria, ela já falou nove, dez vezes", diz a psicóloga Dalka Chaves de Almeida Ferrari, coordenadora do Centro de Referência às Vítimas da Violência do Instituto Sedes Sapientiae.
Por mês, cerca de 2.000 crianças ou adolescentes são ouvidos em processos judiciais no Estado hoje. O serviço será implantado em São Caetano, Campinas, Atibaia e, possivelmente, Guarulhos.
DEPOIMENTO ÚNICO
O novo método prevê, por exemplo, que a criança ou adolescente não precisará mais sentar-se à frente do juiz numa audiência. Poderá ser ouvida, se quiser, numa sala especial, por psicóloga ou assistente social.
Seu depoimento será acompanhado pelas partes envolvidas -juiz, acusação e defesa- por meio de um monitor de TV na sala de audiência. Questionamentos à depoente serão previamente combinados, e o juiz só intervirá na conversa com a criança se houver necessidade.
Mesmo assim, a intervenção será por meio de ponto eletrônico, que será usado pelo entrevistador. Gravado, esse depoimento será a única vez em que a vítima precisará falar sobre o crime sofrido.
REVITIMIZAÇÃO
O juiz Eduardo Rezende Melo, de São Caetano do Sul, um dos coordenadores do projeto, diz que o principal objetivo é proteger a criança e o adolescente vítimas de violência sexual e maus-tratos e não usá-las para esclarecer outros tipos de crimes.
Para o Ministério Público Estadual, o método usado hoje leva à revitimização.
"Imagine um menino, ou menina, quando chega à audiência. Estão lá juiz, promotor, escrevente, mãe, todo mundo. Ele entra na sala e não sabe quem são. "E aí, o que aconteceu? Como você está vestida? Tava mole, duro? É um absurdo'", diz o promotor Lélio Ferraz Siqueira.
Condenações cresceram 70% em Porto Alegre
Pioneiro no país, o Rio Grande do Sul tirou crianças e adolescentes da frente de acusados de crimes quando elas -na condição de vítimas ou testemunhas- precisam depor na Justiça.
O procedimento, "Depoimento Sem Dano", aumentou em 70% o número de condenações por abuso sexual só em Porto Alegre.
O modelo visa minimizar os danos psicológicos ao impedir que as vítimas revivam o trauma da violência no encontro com o suspeito -muitas vezes, um familiar.
"Criança tem um tempo diferente, a gente não pode fazer perguntas fechadas. Ela pode responder só para agradar", diz o idealizador do projeto, juiz José Antônio Daltoé Cezar, da 2ª Vara da Infância e da Juventude de Porto Alegre.
Desde maio de 2003, quando a experiência começou, mais de 2.000 crianças e adolescentes -com idades entre 4 e 17 anos- foram ouvidos.
Impedir que a criança se sinta intimidada pelo ambiente formal ou pela presença do acusado, diz o magistrado, resulta em melhoria de qualidade da prova judicial.
O programa é aplicado em 14 comarcas do interior. Outras 12 deverão aderir a ele neste ano. O programa tem um custo de R$ 15 mil para a compra de equipamentos.
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
GRACILIANO ROCHA
DE PORTO ALEGRE
Batizado de "Avaliação Especial", esse método tenta quebrar a via-crúcis pela qual passa uma vítima ou testemunha infantil no sistema judiciário tradicional, que pode ser, muitas vezes, mais traumático do que o próprio crime sofrido por ela.
Estudos apontam que, pelo método tradicional, uma vítima de violência sexual ou maus-tratos precisa repetir até nove vezes a mesma versão do crime para várias autoridades públicas diferentes -conselheiros tutelares, polícia, assistente social, psicóloga, juiz, entre outros.
Ou seja, a criança fica recontando a história durante o processo, quase sempre uma experiência traumática.
"Na maioria, ela já falou nove, dez vezes", diz a psicóloga Dalka Chaves de Almeida Ferrari, coordenadora do Centro de Referência às Vítimas da Violência do Instituto Sedes Sapientiae.
Por mês, cerca de 2.000 crianças ou adolescentes são ouvidos em processos judiciais no Estado hoje. O serviço será implantado em São Caetano, Campinas, Atibaia e, possivelmente, Guarulhos.
DEPOIMENTO ÚNICO
O novo método prevê, por exemplo, que a criança ou adolescente não precisará mais sentar-se à frente do juiz numa audiência. Poderá ser ouvida, se quiser, numa sala especial, por psicóloga ou assistente social.
Seu depoimento será acompanhado pelas partes envolvidas -juiz, acusação e defesa- por meio de um monitor de TV na sala de audiência. Questionamentos à depoente serão previamente combinados, e o juiz só intervirá na conversa com a criança se houver necessidade.
Mesmo assim, a intervenção será por meio de ponto eletrônico, que será usado pelo entrevistador. Gravado, esse depoimento será a única vez em que a vítima precisará falar sobre o crime sofrido.
REVITIMIZAÇÃO
O juiz Eduardo Rezende Melo, de São Caetano do Sul, um dos coordenadores do projeto, diz que o principal objetivo é proteger a criança e o adolescente vítimas de violência sexual e maus-tratos e não usá-las para esclarecer outros tipos de crimes.
Para o Ministério Público Estadual, o método usado hoje leva à revitimização.
"Imagine um menino, ou menina, quando chega à audiência. Estão lá juiz, promotor, escrevente, mãe, todo mundo. Ele entra na sala e não sabe quem são. "E aí, o que aconteceu? Como você está vestida? Tava mole, duro? É um absurdo'", diz o promotor Lélio Ferraz Siqueira.
Condenações cresceram 70% em Porto Alegre
Pioneiro no país, o Rio Grande do Sul tirou crianças e adolescentes da frente de acusados de crimes quando elas -na condição de vítimas ou testemunhas- precisam depor na Justiça.
O procedimento, "Depoimento Sem Dano", aumentou em 70% o número de condenações por abuso sexual só em Porto Alegre.
O modelo visa minimizar os danos psicológicos ao impedir que as vítimas revivam o trauma da violência no encontro com o suspeito -muitas vezes, um familiar.
"Criança tem um tempo diferente, a gente não pode fazer perguntas fechadas. Ela pode responder só para agradar", diz o idealizador do projeto, juiz José Antônio Daltoé Cezar, da 2ª Vara da Infância e da Juventude de Porto Alegre.
Desde maio de 2003, quando a experiência começou, mais de 2.000 crianças e adolescentes -com idades entre 4 e 17 anos- foram ouvidos.
Impedir que a criança se sinta intimidada pelo ambiente formal ou pela presença do acusado, diz o magistrado, resulta em melhoria de qualidade da prova judicial.
O programa é aplicado em 14 comarcas do interior. Outras 12 deverão aderir a ele neste ano. O programa tem um custo de R$ 15 mil para a compra de equipamentos.
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
GRACILIANO ROCHA
DE PORTO ALEGRE