O Tempo passa...
Por Cintia Andrade Moura e Guilherme Lima Moura
O tempo passa para Pedro, João, Maria... E para tantos que sofrem a ausência de uma vida em família. De um lado, crianças e jovens sonham o sonho de terem pais. De outro, adultos sofrem o enorme vazio que a ausência de filhos lhes impõe.
Muitos casais que acalentam o desejo de serem pais adotivos, quando compartilham esse sentimento com familiares e amigos, se frustram porque se deparam com o fantasma do preconceito. Muitas pessoas acham que é impossível amar um filho pela adoção e disseminam a ideia equivocada de que o filho adotivo será um problema. Como se os relacionamentos pelos laços da consanguinidade fossem isentos de desafios.
Também nós mesmos escutamos pessoas próximas dizerem que “sangue é sangue”. Mas preferimos o pensamento bem humorado de Luiz Schettini: “Quem gosta de sangue é vampiro”. Na frase engraçada, o conceito profundo. O gene gera a vida, mas só o amor e o cuidado podem garantir os verdadeiros laços afetivos. Se a consanguinidade fosse “tudo”, como dizem alguns, os pais de Pedro e tantos outros certamente não teriam seu poder familiar destituído. O sangue não lhes bastou. Como não basta a tantas e tantas famílias.
O tempo passa porque, meus amigos, o tempo é implacável. Passa para Pedro. E passa também para João e Maria, que não enxergam na adoção a grande possibilidade de realizarem seu sonho de pais. Que abandonam na esteira do tempo um sonho que não é só deles, mas é também de Pedro. Destinos que o amor poderia unir, mas que permanecem separados pelo medo e por uma profunda ignorância sobre o que é o fazer-se pai e mãe.
Pedro era mais calado do que costumam ser os meninos de sua idade.
Já se iam cinco longos anos desde a sua chegada ao abrigo.
Longe estava o dia em que o pequenino bebê, com apenas dois anos, apartara-se dos que não conseguiram ser seus pais.
Pedro observava a movimentação no abrigo.
Via criança saindo.
Via criança chegando.
Via criança crescendo e ficando.
“Será que meu caso é de sair? Ou de crescer e ficar?”
Pedro pensava.
Pensava e acompanhava ansiosamente os acontecimentos.
Toda noite dormia embalado pela certeza de que no dia seguinte seus novos pais iriam chegar.
Mas os dias eram sempre os mesmos. E assim se tornavam intermináveis.
Com o tempo as noites tornaram-se também menos esperançosas.
Pedro descobria que um sonho que nunca se realiza é, na verdade, o pior pesadelo.
O tempo foi passando.
E os dias continuavam iguais.
Criança saindo e chegando.
E Pedro ficando, ficando...**
Já se iam cinco longos anos desde a sua chegada ao abrigo.
Longe estava o dia em que o pequenino bebê, com apenas dois anos, apartara-se dos que não conseguiram ser seus pais.
Pedro observava a movimentação no abrigo.
Via criança saindo.
Via criança chegando.
Via criança crescendo e ficando.
“Será que meu caso é de sair? Ou de crescer e ficar?”
Pedro pensava.
Pensava e acompanhava ansiosamente os acontecimentos.
Toda noite dormia embalado pela certeza de que no dia seguinte seus novos pais iriam chegar.
Mas os dias eram sempre os mesmos. E assim se tornavam intermináveis.
Com o tempo as noites tornaram-se também menos esperançosas.
Pedro descobria que um sonho que nunca se realiza é, na verdade, o pior pesadelo.
O tempo foi passando.
E os dias continuavam iguais.
Criança saindo e chegando.
E Pedro ficando, ficando...**
O tempo passa para Pedro, João, Maria... E para tantos que sofrem a ausência de uma vida em família. De um lado, crianças e jovens sonham o sonho de terem pais. De outro, adultos sofrem o enorme vazio que a ausência de filhos lhes impõe.
Muitos casais que acalentam o desejo de serem pais adotivos, quando compartilham esse sentimento com familiares e amigos, se frustram porque se deparam com o fantasma do preconceito. Muitas pessoas acham que é impossível amar um filho pela adoção e disseminam a ideia equivocada de que o filho adotivo será um problema. Como se os relacionamentos pelos laços da consanguinidade fossem isentos de desafios.
Também nós mesmos escutamos pessoas próximas dizerem que “sangue é sangue”. Mas preferimos o pensamento bem humorado de Luiz Schettini: “Quem gosta de sangue é vampiro”. Na frase engraçada, o conceito profundo. O gene gera a vida, mas só o amor e o cuidado podem garantir os verdadeiros laços afetivos. Se a consanguinidade fosse “tudo”, como dizem alguns, os pais de Pedro e tantos outros certamente não teriam seu poder familiar destituído. O sangue não lhes bastou. Como não basta a tantas e tantas famílias.
O tempo passa porque, meus amigos, o tempo é implacável. Passa para Pedro. E passa também para João e Maria, que não enxergam na adoção a grande possibilidade de realizarem seu sonho de pais. Que abandonam na esteira do tempo um sonho que não é só deles, mas é também de Pedro. Destinos que o amor poderia unir, mas que permanecem separados pelo medo e por uma profunda ignorância sobre o que é o fazer-se pai e mãe.
Fonte: Portal Ne10
