CRESCE O NÚMERO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ABRIGOS E ORFANATOS



Paulo Wanzeller publicou no grupo DIÁRIO DA ADOÇÃO

Paulo Wanzeller
7 de Maio de 2012 14:44
CRESCE O NÚMERO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ABRIGOS E ORFANATOS           
Assistente social Rosemeire Almeida fala dos efeitos das mudanças na Lei Nacional de Adoção
Por Thaís Fernandes


Um levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontou que o número de meninos e meninas sem família no Brasil tem crescido desanimadoramente e a quantidade de crianças e adolescentes vivendo em abrigos após o afastamento do convívio familiar ultrapassou a faixa de 37 mil em 2012. Esse número é superior ao registrado no ano passado, que na mesma época chegava a aproximadamente 30,5 mil.
Apesar das regras da Lei Nacional de Adoção, que limitam para no máximo dois anos o período de permanência de menores em abrigos e orfanatos, as estatísticas se mantiveram em constante crescente e alguns fatores indicam o motivo desse aumento. Um deles é a lentidão do processo legal outro fator é a exigência dos pretendentes, que na maioria das vezes se torna o principal entrave para a adoção, apesar o número de candidatos serem quase cinco vezes maior do que o de crianças e adolescentes disponíveis para adoção.
Segundo dados divulgados pelo CNA (Cadastro Nacional de Adoção), apenas 34,53% dos interessados são indiferentes à raça do adotado, 91,03% manifestaram o desejo por brancos, 61,12% por pardos e apenas 34,28% têm preferência por negros. O Estado RJ conversou com a assistente social Rosemeire Almeida, que explica um pouco mais sobre as novas leis e seus efeitos no futuro dessas crianças e jovens.

O ESTADO RJ: QUAIS AS PRINCIPAIS MUDANÇAS QUE A NOVA LEI NACIONAL DE ADOÇÃO E O CADASTRO NACIONAL DE ADOÇÃO TROUXERAM?
Rosemeire Almeida: As mudanças foram muitas, pois além de estabelecer novas diretrizes para a adoção, foi considerado o novo conceito de família que anteriormente era firmado apenas pelos laços sanguíneos e, hoje, se tornou muito mais abrangente, pois, aprendemos que família é com quem podemos contar. Isso fica claro quando as crianças vitimas de violência são amparadas por familiares e vizinhos. Com a nova lei, quem acolhe não será mais punido, e se quiser, poderá realizar um curso de habilitação e se cadastrar na Vara da Infância e Juventude para realizar a adoção legalmente.
O fato de casais e ex-casais, que vivem em casas separadas poderem adotar uma criança significa que efetivamente o poder judiciário compreende que para estar junto não precisa estar sobre o mesmo teto,mas sim dar apoio, carinho, amor e atenção, pois é disso que estes pequenos órfãos necessitam.
Vale ressaltar que o apoio a adoção até os dois anos amplia as chances de encontrar pais adotivos e propicia o desenvolvimento da criança já no seio familiar

OERJ: O CRESCIMENTO EM UM LAR OU ABRIGO ADOTIVO PODE TRAZER TRAUMAS A ESTAS CRIANÇAS?
RA: Sem dúvida, o abandono e a violência são os maiores responsáveis pelos traumas. Em contrapartida, um abrigo organizado com enfoque na qualidade de vida, amor e respeito pode dar novos rumos a vida destas crianças, apresentando a elas um novo modelo de família. Devemos considerar que cada ser humano é único e se desenvolve de acordo com suas vivências, por isso os profissionais destas instituições devem investir no fator biopsicossocial, criando um ambiente lúdico e acolhedor para estas crianças.

OERJ: CRIANÇAS QUE SOFREM MAUS TRATOS DE PAIS BIOLÓGICOS TENDEM A TER MAIS DIFICULDADES EM ADAPTAÇÃO QUANDO ABRIGADAS POR UMA NOVA FAMÍLIA?
RA: Sim, afinal elas vivenciaram a violência por parte de quem deveria protegê-las e respeitá-las, por isso o apoio da equipe multiprofissional é de suma importância, garantindo apoio psicológico a criança e principalmente a família que pretende adotá-la.

OERJ: O QUE PODE SER FEITO PARA MUDAR ESTE QUADRO ATUAL NA QUESTÃO LEGAL E TAMBÉM SOCIAL?
RA: Acredito que a parte burocrática é o principal entrave, as exigências são muitas mas podemos repensar esses fluxos, inclusive sugerindo a ampliação das equipes multiprofissionais para a avaliação das famílias cadastradas. Afinal, o lema é conhecer para intervir e integrar, para isso os profissionais precisam se dedicar a cada caso, sem sofrer a pressão contínua por parte de quem está aguardando para adotar e ser adotado.

OERJ: VOCÊ VÊ PROGRESSOS NA ÁREA DA ADOÇÃO NO BRASIL?
RA: Considero as novas normativas uma evolução, no entanto, precisamos avaliar o seu impacto na prática, assim como as outras leis, a avaliação deve ser contínua para que as melhorias sejam propostas e o resultado alcançado.
O Brasil está vivenciando um momento de desenvolvimento econômico e social, isso proporciona melhores condições para que as pessoas busquem adotar uma criança e também para que os pais biológicos cuidem com mais qualidade de seus filhos, afinal melhor que adotar é não abandonar.

Fonte:
http://www.oestadorj.com.br/?pg=noticia&id=9531&editoria=Pa%EDs
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