Demora no cadastro de crianças dificulta processo de adoção

16/12/2011     Audiência pública na Comissão de Seguridade Social.

Durante audiência realizada pela Comissão de Seguridade Social e Família, nestaterça-feira (15), especialistas afirmaram que a maior dificuldade no processode adoção de crianças e adolescentes é a demora em inseri-los no CadastroNacional de Adoção. Atualmente o Brasil tem 4.900 crianças cadastradas, mas deacordo com a professora do Laboratório de Comportamento Humano da UniversidadeFederal do Paraná, Lídia Weber, o número de crianças abrigadas chega a 80 mil.

De acordo com Lídia, a demora acontece porque a lei obriga que, antes de entrarno cadastro, a justiça deve procurar por familiares interessados em pegar aguarda das crianças ou tentar reinseri-las com os pais. “Nesse tempo ascrianças crescem e diminui o número de interessados em adotá-las”. É o quemostra a pesquisa do Cadastro Nacional de Adoção, ligado ao CNJ, em que apenas3% dos interessados querem adotar crianças com mais de seis anos.

Para a presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio a Adoção, MariaBárbara Toledo, o resultado pode ser ainda pior quando algum familiar pega aguarda. “Várias crianças voltam aos abrigos depois de serem devolvidas pelosfamiliares”. Segundo ela, a adoção é necessária porque dá diversos direitos àcriança. “Precisamos pensar em uma legislação que pense de fato no direito dacriança e do adolescente”.

Tramitam na Câmara diversos projetos de lei para modificar a legislação atual,mas para a promotora de justiça e coordenadora da Comissão Permanente deInfância e Juventude da Paraíba, Soraya Escorel, nãohá necessidade de modificar a lei, mas sim fazer com que ela seja cumprida. “Alei tem apenas dois anos de vigência, temos novas alternativas de adoção,profissionais especializados para atender crianças e para orientar juízes nascausas, mas temos também um descompasso entre a lei avançada e a dificuldade deexecução”, explica.

Não é apenas a idade que dificulta o processo de adoção. O Brasil tem hojequase 27 mil interessados, destes, 83% desejam adotar apenas uma criança, 18%aceitam adotar dois irmãos e 91% preferem crianças brancas. Negros e pardosjuntos representam quase 65% das crianças disponíveis. Autor do requerimentosolicitando a audiência, o deputado federal Alexandre Roso (PSB-RS) lamenta quehaja preconceito na adoção. “Não deveria existir preconceito para doar amor aopróximo. Precisamos modificar a cultura brasileira em relação ao tema”. Deacordo com ele, a contribuição dos especialistas para a Comissão vai ser útilpara se pensar em uma melhor forma de beneficiar estas crianças.

Fonte: http://www.psbnacional.org.br/not_det.asp?det=795
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